segunda-feira, 23 de julho de 2012

O fim-de-semana no spa...

... ou a comédia que foi antes de lá chegar.
Ora bem, já tínhamos isto marcado há algum tempo, e foi este fim-de-semana que rumámos a Lossburg, uma cidadesinha nas montanhas do Sul da Alemanha.
Saímos na Sexta-feira depois do trabalho (e de eu me estafar a pedalar na bicicleta lá de casa como se não houvesse amanhã) e visto que tínhamos duas horas de caminho pela frente, a dada altura desceu em nós o pior dos demónios da fome e lá tivemos que parar no primeiro lugar que apareceu na auto-estrada: McDonals. Piece of cake, pensei eu. Nem eu nem ninguém fazia ideia do que por aí vinha.
Tínhamos passado a fronteira há uma hora e ainda não tínhamos conseguido levantar Euros e essa foi mais uma das razões porque parámos no Mc. Lá fizemos o pedido e quando vamos para pagar a senhora lá explicou que não aceitavam cartão. Nem francos. Nem que eu lá ficasse a lavar a louça porque eles já tinham máquinas de lavar. E não havia louça de qualquer forma que aquilo é tudo de papel. Bem, lá disse à senhora que então no card, no food, podia bem levar tudo para trás que nós íamos à nossa vidinha, com a nossa fome e os nossos cartões e os nossos francos, comer para outro lado. Muito prestável, a senhora prontificou-se a dar-nos a comida, tal era a nossa cara de fome, e para tal feito heróico apenas precisava de ficar com a minha carta de condução, pagávamos depois de comer e levantar dinheiro na caixa mais próxima. E assim fizemos, totalmente comovidos com a boa acção. O festival começou verdadeiramente depois de termos comido e regressado para pagar. A senhora que tão amavelmente nos tinha recebido não estava, e depois de tentar explicar no meu Alemão fantástico a  três pessoas diferentes o que estava ali a fazer e elas ficarem a olhar para mim como um burro para um palácio, fartei-me e comecei a mandar vir em Inglês. Aliás, começámos os dois. E as senhoras acenavam que não com a cabeça. E as pessoas nas filas riam-se delas, e de nós. E o Roger trabalhava em mímicas elaboradas entre a carta de condução dele (similar à minha) e as notas que tinha na mão. E eu ria-me, cada vez mais, assim qualquer coisa perto do lunático maléfico. E a confusão não acabava. E eu suplicava por alguém que falasse Inglês. E eis que me salta de dentro do balcão uma senhora com um bigode de impor respeito e o peito cheio de ar, afirmando que ela sim, falava Inglês e mais do que isso, compreendia Inglês! Eu, já cedendo ao meu Hulk interior a querer saltar cá para fora, expliquei tudo na linguagem mais básica que consegui: "I eat. No money. NO MONEY. My driving licence here. LIKE THIS ONE. DIFFERENT PHOTO" (e apontava para a minha cara girando o indicador, e de volta para a carta do Roger que tinha na mão). "Now I pay - you give the licence back."
Depois de me avaliar durante dois segundos e meio e ponderar sobre o meu discurso, eis que a senhora do bigode liberta o veredicto final:
"No. Only cash!"
Então não é que esta super entendida em Inglês cismou que eu queria pagar com a carta de condução? É que nem o meu Hulk interior se tinha lembrado de tal proeza. E foi quando eu acertava os últimos detalhes com ele sobre o que fazer àquela gente, que me aparece a senhora que tinha inventado aquele esquema todo, de braço no ar em estilo de super-homem e a transbordar "sorry's" por todos os lados. Lá me deu a carta de volta e fomos embora a correr dali para fora. Uma hora e 200 imitações depois, ainda não tínhamos parado de rir.
O resto do fim-de-semana foi fantástico, mas não sem mais uma peripécia ou outra de se lhe tirar o chapéu. Mas isso eu conto depois.

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