quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Como arranjar emprego na Suíça

Não, não vou passar nenhuma fórmula milagrosa que vai resolver todos os problemas do mundo, e muito menos dizer algo de novo que nunca tenha sido dito.
Quero apenas com este post esclarecer que eu não trabalho em recursos humanos, não tenho uma agência de emprego nem conheço ninguém que "arranje um tacho".
Limitei-me a enviar currículos a torto e a direito, batalhei e consegui emprego da forma mais límpida e comum possível: desunhando-me a procurar.
Referindo-me só e apenas à minha área, encontrar emprego cá não é mais fácil que em qualquer outro sítio pela Europa fora. Desenganem-se os que pensam que este país é o pote de ouro no fim do arco-íris. Há alguma oferta (não tanto como em outros tempos), mas o grau de exigência é elevadíssimo. Falar alemão é quase um must e raras são as ofertas que não o exigem como requisito base. No entanto ainda é possível trabalhar na Suíça falando apenas inglês. E depois a experiência profissional. É muito chato, porque todos nós temos que começar por algum lado, mas a verdade é que aqui não é o lugar. Principalmente se ainda residirem noutro país. Nenhum recrutador vai fazer deslocar uma pessoa que nunca trabalhou na vida e incorrer no risco de esta não se adaptar, não gostar de trabalhar ou simplesmente não servir e ter que voltar para o país de onde veio.
Esqueçam a ideia de vir cá passar uns tempos e "entregar uns currículos". Pelo menos por cá, isso já não se usa. De nada serve ir bater às portas das agências de emprego com o cv debaixo do braço. A maioria vai pedir-vos que enviem na mesma por e-mail, e uma grande parte nem sequer vai aceitar a versão papel. O mesmo se aplica às empresas: andar de porta em porta não resulta. Na maior parte das vezes não vos deixarão entrar, muito menos se disserem que é para entregar um currículo.
A melhor forma de procurar emprego é a mais básica: via internet. Existem vários sites, sendo que o mais popular por estas bandas é o jobs.ch, onde eu própria encontrei a oferta para a posição onde hoje trabalho. Os sites das agências de emprego também são uma boa fonte, uma vez que é bastante comum aqui que as empresas recorram a agências para recrutamento. Tenho ouvido que a mais eficiente para estrangeiros é a Michael Page.
Um dos maiores problemas que tenho encontrado entre as pessoas que me pedem ajuda é precisamente o cv. Se não têm ideia do que colocar num cv, usem uma ferramenta on-line. Usem o europass, por exemplo. E se procuram um emprego como secretária admnistrativa, não escolham uma foto em que parecem uma barmaid! Não esquecer que estamos a concorrer para emprego em outro país, onde as pessoas não sabem o que é ZON, a Casa das Sandes ou o João Ramiro e Filhos Lda.. Expliquem devidamente qual é a área de actividade das empresas onde trabalharam anteriormente e os detalhes da vossa função. Se não têm experiência profissional relevante, coloquem qualquer outro tipo de actividades que tenha feito: voluntariado, seminários, formações complementares... Enviar um currículo de onde só consta a formação académica, a menos que seja para um estágio, é o mesmo que estar quieto. E não esquecer a carta de apresentação. Não vale andar a procurar modelos "pré-fabricados" na internet.
Outra ferramenta útil para procurar emprego cá é o linkedin. Criem um bom perfil, completo e com fotografia e comecem a vossa rede profissional. Concorram a ofertas de emprego e mantenham-se activos e eventualmente alguém pode reparar em vocês. Não caiam no erro de criar um perfil inteiramente em português, pelos motivos óbvios.
As cunhas, o factor "C", whatever, whatever... não funcionam aqui. Um amigo que conhece uma empresa que precisa de uma pessoa com determinado perfil e que vos arranja uma entrevista, sim. Mas o emprego não está garantido por causa disso.
Muito importante é não desistir. Insistir até à exaustão. Quando pensarem que já não dá mais, alguma coisa acaba por aparecer.