terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Acho que estou oficialmente a ficar doida quando #1

Estou há uma hora na porra do trânsito sem andar um km que seja e passa a I'm sexy and I know it na radio e só me dá para abanar (muito) a cabeça ao ritmo da música, fixar o olhar no horizonte e praguejar sobre bombas, terramotos e coisas que tais.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Concurso Aventar #2

Obrigado a todos pelos vossos votos. Infelizmente não passámos à segunda fase, mas o objectivo principal de dar o blog a conhecer a outros leitores que não o meu círculo de amigos e família foi de certa forma alcançado. Para o ano lá estamos outra vez!

Ficam os resultados da categoria:

Poll Report: Blog estrangeiro em língua portuguesa
BlogVotosPosição
Ditadura do Consenso5591
Mariarabodesaia2232
Alice no País das Salsichas1863
Lusopatia1064
Ando lá por fora…volto já. : )945
soblushed in USA :: a portuguese girl having an adventure in USA846
A cozinha da Kinhas757
Diário de um sociólogo718
Peripécias de Zurique579
Chill-in-n-out5110
Esboços de quem sou2211
Desperta do teu sono2012
Bling Reality513


Os resultados para as restantes categorias e as votações para a segunda fase podem ser encontrados no site do Aventar. Eu cá, vou continuar a votar no Alice no País das Salsichas. Para além de ter adorado o que por lá se escreve, identifico-me muito mesmo com as experiências do autor, principalmente por estarmos em países tão próximos física e culturalmente.

Aproveito para dar os parabéns e agradecer à equipa do Aventar por esta iniciativa tão interessante que abre horizontes e ajuda a descobrir boa escrita, que de outra forma ficaria limitada aos leitores mais próximos.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Nem que chova picaretas!

Nevou toda a noite e todo o dia. Hoje de manhã quando abri a porta da rua e vi o que me esperava não pude deixar de sorrir. Poder viver num país com neve é, de facto, fantástico. Por mais que dificulte a vida a quem trabalha e atrapalhe a circulação do trânsito, as paisagens cobertas de branco são de tal forma avassaladoramente belas que nos fazem esquecer tudo o resto e passar o dia a olhar pela janela.
Foi a primeira vez que, desde que aqui vivo, que tive problemas para tirar o meu carro do estacionamento e fazê-lo andar. A estrada ainda não tinha sido limpa e não havia meio de fazer mexer o meu pequeno potro rua acima. Depois das mais variadas acrobacias lá consegui , e bem devagarinho cheguei ao escritório uma hora e meia depois.
Uma das coisa que mais admiro neste povo é a dedicação. O país não pára de cada vez que neva, nem mesmo quando há um grande nevão (o de hoje  foi assim para o mediano, vá...). As empresas trabalham, as escolas abrem e as pessoas não deixam de fazer a sua vida.
E isto é o reflexo de um povo que não precisa de desculpas para parar. Não param em dias de neve, não fazem pontes nem greves, e têm uma dúzia de feriados por ano, não mais, grande parte deles ao fim-de-semana.
Em contrapartida, trabalha-se das 8h às 17h, e claro que para a maioria não é preciso trabalhar mais. Bastam as oito horas por dia para o trabalho ficar feito, porque se trabalha cinco dias da semana, com raras excepções, e isso faz a diferença no final do mês.
Os salários são bons, as condições de trabalho são óptimas e o resultado são pessoas motivadas para trabalhar que não aproveitam todo e qualquer motivo para ficar em casa.
E eu vou correndo embalada no ritmo deste país que nunca pára, enfrentando condições atmosféricas manhosas e um frio sobrenatural quando é preciso, porque é assim que tem de ser e o tem de ser tem muita força! Nem que chova  picaretas!

- 6º C

Good morning!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

E é este o pão-nosso de cada dia. Pessoas demais num país com espaço de menos.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Economist considera Suíça o melhor país para nascer em 2013

"A Suíça ascendeu ao topo do ranking dos melhores países para nascer, substituindo os Estados Unidos da América, 25 anos depois de ter sido divulgado o estudo original da revista britânica. Portugal está em 30.º lugar."
in Jornal de Negócios

Perguntam-me muitas vezes se cá estou para ficar. Se é aqui que quero criar os meus filhos. E eu vou adiando a resposta porque a verdade é que não tenho a mínima ideia. Não estou emocionalmente presa a este país. A minha permanência aqui deve-se tão e somente à oportunidade de trabalhar na minha área, ao salário bem pago, ao bom nível de vida e ao facto de estar a duas horas e meia de casa, de avião. Não sei quanto tempo ficarei por cá, não tenho um projecto. No dia em que aparecer algo melhor, vou embora. Por isso, e porque não planeio filhos a curto prazo, não posso saber se é aqui que vou querer vê-los crescer.
É claro que, pelo lado racional da ideia, seria sem dúvida bom para eles crescerem num país seguro a todos os níveis. Nunca vão conhecer dificuldades económicas, nunca lhes irá faltar nada, terão certamente muito mais do que aquilo que vão precisar. Vão poder brincar na rua até tarde, caminhar para a escola com os amigos... a probabilidade que algo de mal lhes aconteça é ínfima porque a comunidade protege e vigia as crianças alheias, os automobilistas são meticulosamente cuidadosos e os perigos são controlados ao pormenor. Vão crescer num país onde não deitar lixo para o chão, reciclar ou apanhar o cocó do cãosinho na rua são coisas tão naturais e rotineiras como lavar os dentes.
Mas crescer aqui significa também crescer no modelo de educação suíço. E lamento não conseguir concordar com grande parte do que essa filosofia implica. Senão vejamos: em muitos infantários (não acredito que em todos) as crianças são separadas por salas: suíços para um lado, estrangeiros para o outro. Isto para que o desenvolvimento das crianças suíças não seja afectado pelo atraso das restantes que não falam ainda Alemão ou que falam incorrectamente. Se por um lado, as crianças estrangeiras irão demorar ainda mais a aprender a língua e terão certamente dificuldades quando chegarem à escola, as crianças suíças, por outro, aprenderão logo ao início que a interculturalidade é uma coisa má. Aprenderão a não respeitar as diferenças, e crescerão com o preconceito de que tudo o que é suíço é melhor e tudo o que é estrangeiro é mau.
E todo o sistema de educação está desenhado neste sentido proteccionista e nacionalista. O que certamente não é uma coisa má para o país. Mas é péssimo para a formação de cidadãos, de pessoas no verdadeiro sentido da palavra.
Tenho um colega suíço que me explica  de vez em quando porque todos estes ideais fazem sentido para ele, e que me diz muitas vezes "you love too much".
Mas eu não acho que o amor seja demais. Eu gosto de gostar das pessoas que me rodeiam e de me certificar que elas sabem disso. Eu gosto que as pessoas se sintam queridas e bem-vindas e aceites. I am a people person. E é isso que eu quero que os meus filhos sejam.
De que vale saber separar o vidro do cartão, se eu não souber que pessoas não se colocam em contentores rotulados nem se separam por cores, nacionalidades ou religiões?

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Concurso Aventar 2012


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Para quem gostar do que por cá se diz, conto com o vosso apoio no concurso do Aventar "Blogs do Ano 2012".

O Peripécias está a concurso na categoria "Blog estrangeiro em língua Portuguesa", e podem votar aqui

Cada leitor pode votar em todas as categorias a concurso, em cada categoria uma vez. O controlo da votação é o do WordPress/PollDaddy , impedindo a repetição do uso do mesmo IP no espaço de 24h. Sim, toda a gente pode votar uma vez por dia.

"O Aventar organiza pela segunda vez um concurso de blogues com o objectivo de promover e divulgar o que de mais interessante se faz na blogosfera portuguesa e de língua portuguesa, e demonstrando a sua diversidade."

Todas as informações no site do Aventar.

Vielen Dank!

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

-2°C

E depois de um Natal inteirinho sem dar o ar da sua graça, eis que a neve começa de novo a cair lá fora.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Hoje regresso às aulas de Alemão. Desta é que vai...

"Sabes que vou chegar de braços abertos"

Não há semana em que não receba contactos de pessoas que querem desesperadamente sair de Portugal. Para qualquer outro país, para fazer qualquer coisa. Este desespero deixa-me muito assustada, mas mais do que isso, imensamente triste.
Quando saí do país, apesar de a crise já se ter instalado de malas e bagagens, ainda não era tão comum emigrar. Não desta forma alucinada, não este tipo de emigração. Claro que não é  nada novo, gerações anteriores emigraram em massa, primeiro para as colónias, depois para França. Mas era um tipo de emigração diferente.
Portugal assiste agora a uma saída desmesurada de pessoal bem qualificado, que passou uma grande parte da vida a estudar e chega aos 20 e muitos sem nunca ter conseguido trabalhar.
E, falando sobre a realidade que conheço, se até há bem pouco tempo existia uma grande procura deste tipo de pessoas no mercado suíço-alemão, esta necessidade está a abrandar, o mercado está a ficar saturado e nós, Portugueses, estamos em clara desvantagem. Temos como concorrentes directos os emigrantes da Europa de leste, que com qualificações com o mesmo nível de reconhecimento que as nossas, têm muito mais facilidade em aprender a língua e são tão ou mais baratos que nós.
Já disse aqui várias vezes, e faço questão de o mencionar a quem me pergunta: a Suiça já não é o paraíso laboral de outros tempos. Um país cuja principal parcela de volume de negócios advém das relações comerciais com a Europa, não poderia escapar imune à crise. E o efeito está a fazer-se notar. Os bancos suíços, tidos como os melhores empregadores, com os melhores salários e benefícios começaram a despedir pessoal em massa. O banco UBS, por exemplo, anunciou em Outubro passado o despedimento de 10’000 pessoas.  
Quando estivemos em lá agora pelo Natal, dizía-me um conhecido que ama Portugal demais para ir embora. Um país abençoado, sem tsunamis, furacões ou desastres vulcânicos, rodeado de praias maravilhosas, montanhas e paisagens fantásticas. E que é uma pena que os bons profissionais se vão todos embora porque dessa forma não vai haver quem salve o nosso país. E doeu-me imenso saber o quanto ele está certo. Senti-me culpada por ter desistido do meu querido país e ter abandonado a luta.  Mas é um facto que em Portugal não há, neste momento, lugar para mim.  Nem para mim, nem para as outras centenas de jovens licenciados que já não sabem a que mais sacrifícios terão de se sujeitar para sobreviver. Nem mesmo para os nossos pais, que trabalharam a vida inteira e agora vêm os seus salários reduzidos e os seus empregos em risco.
Quando Portugal voltar a precisar de mim, voltarei de bom grado. Levarei comigo tudo o que aprendi num país de distintos profissionais e grandes empresas, e que me acolheu, mesmo que de braços pouco abertos, quando eu mais precisei.
Só espero já não estar reformada quando esse dia chegar.



Isto de falar do Natal quase um mês depois...

O meu Natal foi, claro está, no meu cantinho à beira-mar plantado. Empanturrei-me do que é bom e que só em Portugal encontro, sempre às escondidas do maldito monstro da balança. E abracei a família e os amigos tantas vezes quantas quis durante a quadra natalícia.
E apesar de ser cada vez mais difícil de regressar, principalmente depois de duas semanas em casa, na minha verdadeira casa, não posso deixar de pensar no quão priviligiada sou. Uma grande parte dos meus amigos desterrados por esse mundo fora, e outra grande parte dos que fiz aqui não conseguiram, mais uma vez, ir passar o Natal a casa.
Com mais ou menos esforço, consigo ir a Portugal a cada 3 meses, mais coisa menos coisa. Trabalho que me desunho, é verdade, mas sou largamente compensada pela oportunidade de passar mais tempo com os meus, do que a maioria das pessoas que hoje em dia saem de Portugal.
Quanto ao ano que passou, foi feliz. E eu também. Começou logo bem com a chegada de um membro muito especial à minha família portuguesa. Os meus pais precisavam urgentemente de alguém para lhes ocupar os dias que ficaram mais vazios desde que vim embora. E a chegada da melhor cadela do mundo trouxe uma lufada de ar fresco (ou será um tufão?) àquela casa.
Viajei menos que o habitual, fiz alguns amigos novos e consolidei os velhinhos, que há tantos anos conservo. Trabalhei mais do que nunca e vi o meu esforço ser apreciado. Assisti à realização profissional de pessoas que amo, ao milagre da vida, e à vitória do amor.
Continua a ser difícil estar longe e regressar com o coração cada vez mais apertado. Os sorrisos da chegada são substituidos demasiado rapidamente pelas lágrimas da partida. Mas num balanço geral, continua a valer a pena.