sexta-feira, 21 de outubro de 2011

português de portugal

Dei meia volta na cadeira e deparei-me com a minha colega da frente toda quitada de auriculares e micro, quase parecia uma profissional.
Disse-lhe em tom de brincadeira "You look like those girls from insurance companies" - ela não percebeu e não achou piada nenhuma.

 (daqui)

Pois, na Suiça eles não têm a Marta da OK-teleseguros.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

AUPAIR - eu fui



Tenho recebido várias questões ultimamente sobre a minha experiência como aupair, e uma vez que não é um processo propriamente fácil, decidi deixar aqui no Peripécias uma breve (what?!) explicação sobre o assunto. Para mim, a decisão de ser aupair abriu muitas portas.
O standard do programa contempla raparigas, e cada vez mais, rapazes que queiram ir para determinado país aprender a língua e cultura locais. É-lhes dada esta oportunidade sem quaisquer custos e em troca têm que tomar conta das crianças e cuidar da casa (em alguns casos). Existem agências de aupairs, que serão sem dúvida a fonte mais segura para o programa, mas não conheço nenhuma e fiz tudo via web.
A primeira etapa é a selecção: escolher de acordo com os países interessam e as línguas que a aprofundar/aprender. Claro que há sempre uma língua base que se tem mesmo de falar para comunicar com as crianças, normalmente o Inglês.
Depois de seleccionar alguns países,há que seleccionar a família. Muito importante: o número de crianças a cuidar. Mais que três é muuuito complicado!
Muito comum é termos famílias a procurarem-nos a nós. Neste caso há que ler muito bem as descrições e aquilo que esperam de nós.
Em qualquer das hipóteses, as funções da aupair são cuidar das crianças e tudo o que isso implica: preparar refeições, vestir, banhos, levantar, deitar, levar à escola, tratar das roupas, ajudar nos trabalhos de casa, etc. Há também famílias que pedem adicionalmente algumas tarefas domésticas. TUDO isto deve ser descrito detalhadamente pela família em questão e caso eles não o façam, devemos sempre pedir uma lista exaustiva das tarefas e guardá-la connosco para quando iniciarmos funções.
Quanto ao contrato, no meu caso enviaram-me uma pré-versão antes de eu ir e depois assinámos a versão final quando lá cheguei. Não sei como funciona normalmente, mas obviamente em caso algum se deve sair de Portugal sem contrato. Claro que esta situação só se aplica a países da Europa. Para o resto do mundo é preciso provavelmente recorrer a uma agência mas não faço ideia de como as coisas funcionam para este tipo de contrato.
Coisas a ter em atenção:
- Possíveis fraudes. Numa fase avançada de contacto com a família (depois de muitos e-mails, telefonemas, etc...) é importante fazer pelo menos uma vídeo-chamada (skype, messenger, etc.) para conhecer os pais e as crianças. Assim dá para ter uma ideia de que existem mesmo e do tipo de pessoas que são. Depois, pedir SEMPRE referências. De preferência o contacto de uma aupair anterior ou de outro empregado da família. É provável que também nos peçam referências – uma carta de recomendação de um professor ou ex-chefe, por exemplo.
- As famílias querem SEMPRE alguém com experiência para cuidar dos seus filhos. Mesmo que nunca se tenha feito nada em concreto, quem é que nunca fez babysitting de vez em quando para amigos, vizinhos ou irmãos? Tudo conta e convém mencionar no perfil.
- Uma boa descrição de perfil, chamativa e a falar de crianças também é importante. Quanto mais se escrever sobre a nossa personalidade e objectivos, mais hipóteses há de se ser contactado. Não esquecer uma boa foto, nada de muito produzido, mas mais para o carinhoso, e se for com crianças, melhor.
Quanto ao salário, o meu rondava os 600€ em França, com alojamento (na casa da família) e alimentação incluídos, no entanto consegui fazer aumentar o meu income com serviços adicionais de babysitting e aulas de Inglês para outras famílias do bairro. A aupair tem direito no mínimo a um quarto só para si, com wc privativo. E a fazer as refeições com a família. Um curso da língua local, caso seja pago, deve ser suportado pela família de acolhimento. Mas mais uma vez, tudo isto deve vir descrito pormenorizadamente e é importante mencionar que as condições de todos os contratos que não são regulamentados por uma agência são completamente flexíveis para acordo entre a aupair e a família.
Quanto a mim, comecei a fazer contactos em Maio. Depois de falar com várias famílias, restaram duas que estavam bastante interessadas em mim e eu nelas, e por fim seleccionei a que me pareceu melhor. Falámos muitas vezes ao telefone e via skype, esclarecemos tudo ao pormenor POR ESCRITO SEMPRE (há que ter provas para evitar posteriores mal-entendidos), e no final de Agosto já estava a caminho.
É óbvio que sempre mantive uma atitude defensiva até conhecer a minha família, e nas primeiras noites tranquei a porta do quarto, just in case. Mas entretanto já conheci várias aupairs, e nunca ouvi nada de perigoso ou surreal. Apenas histórias engraçadas de famílias doidas. No entanto, devo admitir que o risco existe. No meu caso, não fui sozinha, por isso foi sempre mais seguro, mas relembro que nem tudo é o que parece e existem muitas tentativas de fraude neste tipo de negócio, por isso não partam à aventura sem contrato e sem ter conhecido (ainda que virtualmente) as pessoas com quem vão viver.
Por fim, deixo o website que utilizei e que me pareceu, dos vários em que me registei, o único suficientemente seguro e eficaz. O site tem muitos utilizadores e só as famílias que pagam o seu registo é que podem contactar directamente os candidatos – o que reduz as possibilidades de fraude.
Não foi um período propriamente fácil, e aviso já os que pensam que vão para descansar, passear e conhecer o mundo, caríssimos desenganem-se. O trabalho é muito, é duro e normalmente não é intelectualmente estimulante. Por isso sempre encarei a oportunidade como algo temporário e assim foi: saí de Portugal com o intuito de encontrar trabalho na minha área de formação, internacionalizar o currículo e conseguir uma vida melhor. O objectivo foi cumprido, por isso posso dizer que valeu a pena e que faria tudo outra vez.
E é isto. Espero ter ajudado os mais aventureiros e os curiosos também. Provavelmente está a escapar-me alguma coisa, mas se entretanto me lembrar venho aqui adicionar. E caso tenham dúvidas ou dicas a acrescentar, sabem como me contactar!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

das coisas menos boas de viver na Suíça





Estar uma hora inteira a almoçar na mesma mesa com 7 Suíços (colegas de trabalho há quase um ano) e ninguém me dirigir uma única palavra, porque isso implica falar Inglês.

Fartei-me e fui ler o meu livro.