quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Coisas do além.

Quem pensa que trabalhar com suíços é fácil, está redondamente enganado. Principalmente quando a pessoa em questão inclui uma mistura manhosa de suíço com grego e hipocondríaco. Caríssimos, apresento-vos a minha adorada coleguinha de trabalho.  A única pessoa, além da chefe e de mim, a trabalhar na minha equipa. A única pessoa com quem realmente tenho de partilhar o dia-a-dia, as tarefas e os stresses, e é isto: uma maria-das-dores de ego recalcado por não mandar nesta merda toda, e cada vez mais fula por uma miúda vinda do fim do mundo (um pouco arrogante julgar assim Portugal quando se veio de um país como a Grécia há meia dúzia de anos...) lhe estar já a ganhar aos pontos. A coitadinha sofre de asmas, reumatismos, renites, estomatites, gripes e enjoos crónicos e suspeito que também de algumas limitações mentais. E não, não tem mais de 30 anos. E sim, ela é doente mas é da cabecinha!
Se há pessoas com sorte nestas coisas, uma delas sou eu.
Então na semana passada, a coleguinha resolveu transmitir uma informação errada a um cliente que nos fez perder dinheiro. Como qualquer pessoa com dois dedos de responsabilidade faria, chamei-a a atenção de que a informação que estava a transmitir não era correcta e que o melhor seria recontactar o cliente (a chefe está de férias se não elas mordíam-lhe be pior!). Sua excelência do reumático ficou tão ofendida por ser corrigida aqui pela miúda que me descancou com expressões do género "Não metas o teu nariz nas minhas coisas!".
Eu eu cá para os meus botões pensei tu és parva todos os dias, deixa-te andar que quando a parvoíce te cair toda em cima, não vai haver quem escave um buraco para te tirar de lá... E deitei mãos ao meu trabalho que era mais que muito e não havia tempo a perder com detalhes.
Mas de cada vez que tenho de me ausentar do escritório (para férias ou saídas em trabalho) e deixo uma lista das minhas tarefas mais urgentes que precisam ser feitas, sua senhoria da agonia nem lhes toca, e quando cá chego cai-me sempre uma avalanche de reclamações por prazos não cumpridos. E eu como estou farta que me ponham a pata em cima (ou tentem) decidi que ia começar a pagar na mesma moeda. E assim foi: A madame dói-me-tudo decidiu que trabalhar a semana toda era demasiado pesado para uma pessoa com tantos afazeres (solteira, sem filhos e sem nada que a ocupe, mas com tantas idas ao médico, não sobra mesmo tempo nenhum) e por isso toca de reduzir a carga horária para 80%, e agora não trabalha às Segundas. Então na Sexta que passou antes de sair, toca de me atulhar com tarefas "urgentes que teriam todas que ser feitas na Segunda", e como ela não estava cá, eu tinha mesmo que as fazer... Por entre outras coisas chatas, estava uma factura de imensas páginas para aí com uns 500 items para verificar um a um, que me ia fazer perder um dia naquilo e era uma seca descomunal. O tanas! Ficou tudo por fazer, tal como a coleguinha adorada me ensinou, assim meio que rematado com um ups... não tive tempo. Mas a gaja deve pensar que sou alguma otária que para aqui anda, porque hoje, quarta-feira, retornou-me com a malograda factura (que já era urgente na sexta que passou): Eu tenho muitas coisas para fazer, por isso faz isto sff.
Levou com um não redondo e ainda ficou extremamente chocada com a minha justificação já treinada vezes sem conta, pronta para ser disparada numa situação como esta.
Olha querida, eu sei que não te apetece mesmo nada fazer isto porque dá  imenso trabalho e é tremendamente chato, mas infelizmente eu tenho mais que fazer e além disso... não meto o meu nariz nas tuas coisas! Toma que já almoçaste. Atirei-lhe com um olhar de se te metes comigo arraco-te os olhos ouviste bem?  E acho que ela ficou a perceber a cena. (Só tive pena de ter sido obrigada a falar-lhe em Inglês, caso contrário ainda tinha levado com umas amistosas expressões em bom Português).
Subentendida ficou a ideia de que aqui a miúda gosta pouco que a pisem,  por isso põe-te a pau que lá na minha terra comemos marias-das-dores como tu ao pequeno almoço!

2 comentários:

  1. Fico triste por saber que tens de aturar isso todos os dias. Deve ser um stress! Por outro lado, não me preocupo muito porque tu sabes sempre dar a volta! Aliás, já deste! Só apetece dizer: checkmate! ;) Beijo*

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